domingo, 5 de setembro de 2010

FILOSOFANDO (sobre a vida!)

Tudo o que fizemos até agora é filosofar. Exatamente! Esta nossa conversa toda nada mais é do que filosofia.

Talvez sua mente esteja divagando em seus conceitos (ou pré-conceitos) sobre filosofia. Mas a verdade é que todos nós, seres humanos vivemos filosofando, vivemos criando e recriando idéias filosóficas. Quem sabe você queira entender melhor o que eu estou dizendo. Ocorre que filosofia, ao contrário do que muitos pensam não é algo distante, difícil ou confuso. Nem “coisa de maluco” como diriam outros. É sim algo simples, pois sua matéria de estudo não está aprisionada em laboratórios, não depende de documentações ou ferramentas muito avançadas. A filosofia trata de algo comum: a vida.

A filosofia nada mais é que a ciência que estuda a vida e seus dilemas mais primitivos, mais profundos. Um filósofo muito famoso, Josteisn Gaarder em sua obra “O mundo de Sofia” declara:

“Os filósofos acham que (...) o ser humano não vive apenas de pão. É claro que todo mundo precisa comer. E precisa também de amor e cuidado. Mas ainda há uma coisa que todos nós precisamos. Nós temos a necessidade de descobrir quem somos e porquê vivemos. Portanto, interessar-se em saber porquê vivemos não é um interesse “casual” como colecionar selos, por exemplo. Quem se interessa por tais questões toca um problema que vem sendo discutido pelo homem praticamente desde quando passamos a habitar este planeta(...)”

Veja, em todas as épocas, todos os povos, todas as culturas, o homem sempre questionou-se sobre a razão de nossa existência. Sobre como surgimos, como devemos viver e porquê tudo ocorre da forma que ocorre.

Hoje, em meio a nossa vida agitada, a sociedade parece desprezar tais questionamentos. Nosso foco está na moda, nos colegas, no namorado, no trabalho, na faculdade, no trânsito, no que iremos comprar, e tantas outras coisas que nos tomam a atenção, o tempo e os pensamentos.

Porém, os questionamentos ainda estão lá: diariamente nos deparamos com eles. Em nossas conversas com os colegas, quando temos que tomas decisões, quando precisamos de orientação.

Em meio à agitação precisamos encontrar tempo para filosofar, para pensar, escutar, conhecer, ler e tirar as conclusões. Se conhecer e conhecer o mundo.

No meio da agitação

Um mundo alucinado, acelerado, enlouquecido. As coisas mais lentas correm e o tempo voa. Realmente nascemos em uma sociedade na qual a vida mansa, tranqüila está cada vez mais longe de nossa realidade. Nem mesmo no campo, nas fazendas, ouve-se falar em “vida mansa”.

Nosso mundo é urbano, capitalista, consumista, viciado em trabalho, e pra viver cada vez precisamos trabalhar mais, e mais; Estudar mais, e mais. Nunca, nada é suficiente. A vida em nossos dias contemporâneos é ainda marcada pela comunicação. Somos cobrados, encontrados, perseguidos, o tempo todo por meios de comunicação que nos cercam, nos encurralam e nos obrigam a vivermos em sociedade, no ritmo da sociedade.

Veja se eu não estou certo: após um ano e pouco de árduo trabalho em sua empresa, você finalmente conseguiu uns dias de folga, férias. Finalmente. Daí você pensa amanhã vou dormir até o meio-dia. Não! Não vai mesmo! Se você tem um celular ou um telefone em casa jamais dormirá! É certo que irão te ligar. Ou um cliente, ou aquele colega de trabalho perguntando como fazer aquilo que só você sabia fazer. Ou vai tocar aquele alarme que tu mesmo um mês atráz programou para despertar te lembrando de pagar determinada conta. Ou vai ser da escola do teu filho. Ou tua mãe querendo saber que dia tu vai voltar das férias que nem mesmo começaram. Se não for um vendedor de um dos milhares de call-centers espalhados pelo país.

É quarta-feira. Não é que o mundo esteja rápido de mais, essa é a velocidade normal, é você que quer parar, estacionar, descansar. Mas vivemos em um mundo que isto é tão raro que chega a ser mal-visto. “Você viu o fulano? Baita escorado: tira férias todo ano!...”

Se você gostaria de viver uma vida um pouco mais lenta, mais calma, mais tranqüila, deve estar pensando: “e se eu tivesse nascido uns dois mil anos atrás, daí sim, eu teria calma, paz, sossego...” Se enganou feio! Sabe, dois mil anos atrás muitos lugares no mundo viviam uma realidade muito parecida com a nossa neste quesito “correria”. Tire a parte do celular, do telefone, da tecnologia, mas mantenha o resto todo e terás o panorama daqueles dias.

Imagine se você tivesse nascido no primeiro século da era cristã na cidade de Atenas. Isso mesmo, imagine-se na grande capital da Grécia antiga, agora, claro sob o domínio dos romanos, que também dominavam boa parte do mundo da época, constituindo o maior império da história da humanidade.

A Grécia sempre foi embebida, cheia, viciada em filosofia. Nas ruas, nas praças, nas escolas, no areópago (espécie de câmara municipal), discursavam os filósofos, ensinavam os mestres, contavam e pregavam os sacerdotes.

Disputa em Atenas

Em meio aos afazeres, às guerras, aos trabalhos, aos rituais religiosos, o curioso povo grego ocupava-se com filosofia. As praças eram palco de ferozes disputas entre sábios pensadores, homens que se dedicavam exclusivamente a pensar sobre a vida, sobre seus mistérios, suas origens, suas regras e suas metas.

Se você nascesse na Atenas daqueles dias teria que optar entre a filosofia dos estóicos ou dos epicureus. Essas eram as duas principais linhas de pensamento daquela época. Filósofos de ambos os lados disputavam com longos discursos todos os dias nas praças, e uma platéia, em silêncio ouvia as explanações cheias de belas palavras e contraditórios.

Os epicureus eram chamados de “filósofos do jardim”, pois reuniam-se em um jardim que no portal de entrada tinha a seguinte inscrição: “forasteiro, aqui te sentirás bem, aqui o bem supremo é o prazer.” Esse era o foco do ensinamento dos epicureus: é possível afastar o sofrimento e o medo: aproveitar a vida, vivendo sem sofrer. Epícuro Também ensinava a “viver em reclusão”, ou seja, em meio a correria da sociedade dizia que as pessoas deveriam afastar-se de tudo e aproveitar a vida.

Outro enfoque de seus ensinamentos era a idéia de não preocupar-se com os deuses, ou com os possíveis castigos dos mesmo, pois para ele a vida terminava por aqui mesmo, não estendendo-se ao pós-morte. Isso, ele justificava pela teoria do átomo, desenvolvida por Demócrito, pela qual o menor elemento fundamental de todas as coisas é o átomo, que constituiria tudo. Segundo Epícuro, quando morremos o que ocorre na verdade é o desmonte de nossos átomos que espalham-se para dar origem a outras coisas. Inclusive, para ele, os átomos da alma também se espalham.

Ou seja, os epicureus em nossos dias poderiam ser comparados a muitos materialistas e edonistas. Pessoas que dizem: “o negócio é aproveitar o agora”. “Deus não existe”. “Curta a vida”. “Só existe o que se pode ver”, etc.

Já os estóicos, acreditavam que cada pessoas era um mundo em miniatura, um mini-cosmos. Todos fazem parte de um todo harmônico (Kosmos), que se completa. Para eles o universo é um deus, que se ordena sozinho, e o homem, também divino, faz parte desse todo.

Não há espírito, alma, matéria, tudo é uma coisa só, na concepção estóica. Para eles é preciso viver liberto do luxo, em harmonia com o universo, para poder se suportar em paz os sofrimentos, que seriam inevitáveis à vivência. Os estóicos buscavam da relação com o outro e com o todo, através de suas ações e sua ética, alcançar uma vida boa.

Em nosso mundo podemos encontrar muitos estóicos modernos: pessoas que se esforçam para fazer o melhor de si. Caridade, etc. Vivem eticamente, pois acreditam que “tudo tem volta”, “há uma recompensa”. Outros, dedicam sua vida à sociedade, à posteridade, acreditando que o bem social é o grande alvo de suas vidas. Militantes políticos, ambientalistas, etc.

Em meio à correria nem damos atenção ao fato de que cada atitude nossa (práxis) obedece a preceitos, idéias que temos, opiniões concebidas sobre a vida, que partem de conceitos filosóficos bem antigos.

Mas se você estivesse em Atenas, ainda haveriam os templos. Pequenas “capelinhas”, altares ou grandes construções, eram dezenas nesta cidade. Cada um dedicado a um deus, do qual se contava um história, tinha uma mitologia, e era padroeiro de determinada profissão, auxiliador de determinadas pessoas, protetor disso, daquilo, etc. Uma grande idolatria. Tinha deuses para tudo. Um trazia o teu marido de volta, outro fazia a tua plantação mais fértil, havia aquele que trazia o escravo de volta e ajudava em batalhas judiciais, etc.

Essa loucura toda, essa confusão, não te lembra nada? Lembra sim! Nossos dias são muito parecidos com os da Grécia antiga.

É sábado de manhã, imagine-se andando pelas ruas de Atenas. Você passa em meio às mesas dos comerciantes que, eufóricos, gritam oferecendo seus produtos. Tu sente o cheiro do peixe que o homem ao teu lado oferece aos berros. A cidade é movida pelo comércio. Os muitos navios, atracados no porto, podem ser vistos aí de onde você está. A sua direita há um templo de Diana e um de Dionísio. Mais há frente uma sinagoga, aonde os judeus se reúnem. Um pouco mais há frente tu sente o cheiro do sangue dos porcos que sacrificados ainda ontem à tardinha em dois altares à sua esquerda.

Um tagarela

Após andar um pouco mais, você está diante da praça principal, na qual há um sujeito muito estranho pregando seus ensinamentos. Ele, apesar de falar grego, não é muito bem compreendido pelos leigos que o assistem. Outros. porém, se indignam contra ele: os epicureus, os estóicos e os muitos sacerdotes ali presentes na platéia.

O homem falava em voz alta, em um tom de verdade dizia coisas muito estranhas aos ouvidos dos Gregos. Mas como a principal distração em Atenas eram as discussões públicas, os debates, as palestras, os embates filosóficos, lá estava o povo querendo entender o que este homem dizia.

Ele chegou à cidade dizendo que tinha uma “boa notícia” para a população. O povo chegou a imaginar, talvez, que tratava-se de um enviado de Roma que poderia vir anunciar a redução de algum imposto ou a construção de um novo prédio público. Rapidamente reuniram-se para ouvi-lo. Mão não tratava-se de nada disto! Este homem falava de arrependimento, dizia que havia um só Deus e que este estava querendo reconciliar o ser humano consigo e por isso buscava arrependimento. O estranho homem também falava um nome estranho, de um sujeito que havia sido assassinado em uma cruz, e que seria o filho deste Deus, o qual foi entregue por ele para levar os pecados de todos, tanto gregos como judeus.

Como tal idéia poderia ser aceita? Para os estóicos tudo era deus, não havia um Deus, eles esperavam que pelas suas práticas vivessem uma vida de paz, mas não entendiam como poderia haver um homem que os fizesse próximos deste “Deus”. Já os epicureus nem acreditavam na existência de deuses, eles não existiam, e mais: para eles não existia pecado, apenas a busca pelo prazer.

Outros que se indignaram foram os sacerdotes dos muitos deuses ali representados na cidade. Há tempos eles lutavam contra o crescimento da concorrência, contra o surgimento de novos deuses, que poderiam ser adorados. Tanto fizeram em suas reivindicações que o Imperador Romano publicou uma lei proibindo a pregação de novos deuses, quem o fizesse poderia ser preso e julgado. Por isso aquele homem era uma grande afronta ao seu negócio, sua sobrevivência. Pois nos templos eram vendidos todo tipo de amuletos e peças místicas, além dos livros e dos valores cobrados para participar de determinados rituais ou entrar em alguns templos.

Apesar da muita filosofia, o povo grego era muito preocupado com a religião. Eram, na verdade, muito místicos em todas as suas ações, boas ou más, buscavam sempre o auxílio dos deuses.

Vejo, assim, a Atenas daqueles dias muito parecida com a nossa socieade contemporânea, que tem vivido um crescimento da oferta religiosa. Cada vez mais, por sua racionalização, as pessoas se comprometem menos com as religiões, com Deus. Porém a cada instante surgem novas propostas religiosas que vão ao encontro daquilo que as pessoas buscam: dinheiro, um marido, uma casa, um carro, paz interior, etc. Em nossa sociedade, assim como na Atenas de outrora, sempre que as pessoas esbarravam-se em seus limites, buscavam uma solução, de preferência rápida nos altares e templos daquela época. Buscava-se o favor dos deuses sem se comprometer com eles num sentido mais amplo. Mesmo sendo a pessoa um epicureu ou um estóico, no dia em que seu gado adoecesse (ou ficasse desempregado), com certeza correria imediatamente para um templo, onde faria certa oferenda ou encomendaria certo trabalho.

Mas aquele homem na praça falava de algo totalmente diferente. Qual o nome dele? De onde ele veio? Porque fazia isso, se arriscando desta forma?

O seu nome de nascimento era Saulo, ele nasceu na cidade de Tarso. Com cidadania romana, herdada de seus pais, Saulo cresceu dentro das tradições de sua família judaica, estudou junto a um grande líder judeu chamado Gamaliel, e cedo destacou-se como liderança em seu meio. Saulo era culto, letrado, poliglota, bastante esperto e muito eloqüente.

Mas quem assistia Saulo hoje nessa praça de Atenas falando de paz, de perdão, e de Jesus, o Cristo, não imagina que alguns anos antes este fora o maior perseguidor dos cristãos. Isso mesmo!! Este homem havia sido um grande inimigo dos cristãos, caçava-os, prendia-os, enviava-os para serem apedrejados, além de outras coisas.

Mas como aconteceu esta mudança? O que fez este homem mudar ao ponto de agora arriscar sua própria vida para anunciar esta mensagem?

Saulo encontrou-se com Jesus. Isto mesmo! Jesus já ressuscitado apareceu para ele, apresentou-se para ele, mostrou-se para ele, provando que também lhe amava e que tinha um plano para sua vida. Tanto que mudou o nome dele para Paulo e lhe deu uma nova oportunidade. Uma chance de ser útil em algo verdadeiramente bom: anunciar a verdade.

Realmente, me responda: o que poderia fazer um homem abandonar sua família, seu status, suas regalias, seu dinheiro, seus soldados e passar de perseguidor a perseguido? Este homem, por sua atitude e transformação totalmente inesperada, tornou-se uma prova viva de que Cristo havia ressuscitado. Pois se Saulo não tivesse se encontrado verdadeiramente com Ele, o que poderia o convencer a fazer tal loucura?

A solução do Enigma

Mas aqui em Atenas está Paulo, falando na praça, discutindo com epicureus, estóicos, sacerdotes. Você o assiste falando, sob o pano de fundo da Acrópole e do Parthenom. Mas logo o cenário de sua pregação muda-se para o areópago. Paulo é levado para lá a fim de dar satisfações às autoridade locais a respeito do que estava falando. Ele era acusado de um crime: Pregar um novo Deus. A multidão o segue até lá, a platéia é gigantesca. Colocam-no ao centro e um aeropagita (espécie de vereador dos dias de hoje) lhe questionava:

- “Podemos saber que nova doutrina é essa que nos fala? Pois coisas estranhas trazes aos nossos ouvidos. Queremos saber o que é isso.”

Paulo começa então, um breve, mas importante discurso, para todas as pessoas que buscam responder os enigmas de sua vida. Poucas palavras, mas que fizeram filósofos, religiosos e todo o povo refletir. Ele começou dizendo:

- “Atenienses! Vejo que em todas as coisas vocês são muito religiosos...” (Atos 17:22 NTLH)

Paulo faz uma constatação, fala da realidade do povo ateniense, que em tudo recorria para sua multidão de deuses.

- “... De fato, quando eu estava andando pela cidade e olhava os lugares onde vocês adoram os seus deuses, encontrei um altar em que está escrito “AO DEUS DESCONHECIDO”, pois esse Deus que vocês adoram sem conhecer é justamente aquele que eu estou anunciando a vocês” (Atos 17:23)

Perceba que Paulo com esta explicação inicial demonstra que conhece a história do povo ateniense, que no passado havia erguido um altar a um Deus que não conheciam e que fora responsável por livrar a cidade de uma grande peste no passado. Ao dizer que anunciava aquele Deus, Paulo também se livrava da acusação de pregar um novo Deus, que vinha a ser proibido.

Mas a coisa é mais profunda: hoje, será que as pessoas, ou até você mesmo, não adora ou diz seguir um Deus que na verdade te é desconhecido? Será que não fazemos isto em nossa vida? Nos cercamos de coisas para as quais voltamos nossas esperanças, nossas expectativas, nossa confiança, tais como nossa carreira, os estudos, uma empresa, um namorado, um casamento, um filho? Não nos cercamos de ”deuses” aos quais recorremos, enquanto ao Deus Criador temos um altar incógnito, pois este nos é desconhecido e distante?

Paulo, com paciência, continuava sua explanação, explicando que era esse Deus:

- “....Deus, que fez o mundo e tudo o que nele existe, é o Senhor do céu e da terra e não mora em templos feitos por seres humanos. E também não precisa que façam nada por Ele, pois é Ele mesmo quem dá a todos a vida, respiração e tudo mais...” (Atos 17:24-25 NTLH)

A teoria materialista dos epicureus é aqui negada por Paulo ao afirmar que foi Deus, o único Deus, quem fez e quem tem domínio sobre tudo que existe.

Contrapondo também aos religiosos da época, Paulo diz que esse Deus não mora nos templos feitos por mãos humanas, não se limita no tempo e no espaço, não pode ser confinado em certa construção. Não precisa de casa. Atualmente, assim como já era naquela época, muitos imaginam que para aproximarem-se de Deus deviam adentrar em uma Igreja ou templo, que Deus ali habitava.

Outra teoria a qual Paulo pôs por terra foi a dos estóicos, que acreditavam que através de certas práticas bondosas ou de favor ao próximo e à religião, o homem alcançaria a piedade divina. Paulo nos fala que Deus não precisa dos homens, que não necessita de ato algum nosso, pois ao contrário disso, é Ele que nos mantém, nos sustenta.

Atualmente, não existem pessoas que também se enganam, achando que podem comprar as bênçãos ou graças de Deus através de doações em dinheiro ou atitudes de sacrifício? Fazem promessas e machucam seus corpos achando que podem comprar ou subornar a Deus. Não! Não! Absolutamente, não! É isso que Paulo estava falando para aquele povo.

- “...De um só homem Ele criou todos os povos para viverem na terra (...) Deus marcou para eles os lugares onde iriam ficar e quanto tempo ficariam lá. Ele fez isso para que todos pudessem procura-lo, e ainda que tateando, o pudessem achar, embora Ele não esteja longe de cada um de nós...”

Agora Paulo chega ao ponto alto de sua explicação. Ele mostra um Deus bem diferente do que as pessoas imaginavam: um Deus que está próximo! Um Deus que criou o homem e que se preocupa com ele.

Você nunca se perguntou: Porquê eu nasci aqui neste lugar? Porquê neste país? Porquê nesta cidade? Haviam tantos lugares no mundo, como eu nasci em uma família pobre numa cidade de interior, num país subdesenvolvido (Brasil)? Esta última pergunta é a que eu me fazia durante os anos da infância. Por que aqui? Não podia ser na Europa? Ou em outro tempo? Porque nasci justo no século XX? Porquê?

Paulo nos reponde tudo isto: Deus está no centro da história humana, foi por vontade, permissão Dele que você nasceu aí, neste tempo, nesta família, etc. Porquê Porque Ele tem um grande interesse de que você o conheça! Exatamente! Tudo na tua vida tem um sentido: conhecer a Deus! Paulo nos diz nestas frases anteriores que nada ocorre por acaso. Não! Nada ocorre por acaso, e tudo tem como finalidade que u possas conhecer a Deus. Ele é o teu Criador e quer que tu o conheça e reconheça, por isso ele não está distante e se tu estiver e o procurar, tateando, você irá acha-lo, pois ele é quem se apresenta a ti.

Tudo tem uma razão! Nada é por acaso! Por exemplo, tu estas lendo este texto porquê Deus o colocou nas tuas mãos. Uma sucessão de fatos ocorreram, pessoas se relacionaram e te apresentaram este texto, ou quem sabe tu mesmo o achou e algo te levou a lê-lo. Certamente um interesse interno, talvez nem compreensível à primeira vista, mas este interesse, essa vontade te levou até estas páginas. Deus quer que você o conheça, pois sua vida nunca será completa sem Ele, nunca será boa o suficiente, nunca haverá satisfação plena sem Ele. E mais ele quer te ajudar. Ele quer te guiar, dirigir a tua vida, para te levar a um estado de paz e alegria, que encontra-se na certeza de vida eterna.

Você nasceu neste tempo e neste lugar para conhecer a Deus e vivenciar o plano Dele para tua vida!

- “Porquê, como alguém disse ‘nele vivemos, nos movemos e existimos’. E alguns dos poetas de vocês disseram ‘nós também somos filhos Dele.”

Acima Paulo citou o poeta cretense Epimênides, em uma clara alusão à idéia de “cosmos”, Paulo diz que na verdade é de Deus que fomos feitos e que Dele somos.

- “E já que somos filhos Dele, não devemos pensar que Deus é parecido com um ídolo de ouro, de prata ou de pedra, feito pela arte e habilidade das pessoas.”

Deus que é o Criador, o Eterno, o Infinito, que já existia antes mesmo da matéria existir, não pode ser representado por coisa alguma. Deus não pode ser feito por nossas mãos! Paulo nos mostra que o povo de Atenas, assim como o povo de hoje, estava enganado quanto a Deus, mas lhes aponta uma esperança:

- “No passado Deus não levou em conta esta ignorância, mas agora ele manda que todas as pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos seus pecados. Pois ele marcou o dia em que vai julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que escolheu. E deu prova disso a todos quando ressuscitou este homem.”(Atos 17:30-31)

Deus através de um homem, Jesus, vai julgar a humanidade que criou. Mas ele não é injusto. Antes ele está dando a oportunidade, a chance de nos arrependermos, de mudarmos nossa vida, de nos aproximarmos Dele.

Esta mensagem de Paulo aos atenienses é fantástica, pois faz uma ligação uma conexão entre a mensagem bíblica e a filosofia grega, bem como com a religiosidade popular.

O foco da filosofia, como havíamos dito, é questionar a razão da vida, os motivos e dilemas de nossa existência. A resposta para estas perguntas está no amor de Deus, voluntariamente nos criou e nos dotou de liberdade. Nos fez seres vivos (animou) e permitiu que cada um de nos vivesse até este momento.

Deus nos fez como Ele, cheios de criatividade, sonhos, vontades, capacidades, dotados de inteligência, pois queria uma ser para ser seu amigo. Para dominar e habitar este planta, sim. Mas acima de tudo para conviver e ser seu amigo.

Esta é a melhor notícia de você e eu poderíamos ouvir: Deus está próximo! Ele nos ama e quer se relacionar conosco! O meu convite é que você não pare por aqui, mas que experimente mais!

DIONÍSIO HATZENBERGER

PROFESSOR E COORDENADOR DO INTERNEXO

dionisiofh@hotmaillcom